sexta-feira, 29 de agosto de 2008

desfazendo os nós

diz o meu velho e sábio pai que as abóboras se ajeitam com o andar da carroça.
e eu sei que a gente só escuta o que quer escutar, via de regra. portanto, o ditado repetido pelo velho é um dos meus favoritos. a gente sabe que tudo passa, mas quando o tudo vira uma nuvem cinza escuro e a vida fica pesada, eu pelo menos fico em dúvida. será que vai passar mesmo?
mas voltando às abóboras, tenho de confessar que elas estão ficando beeeeeeeeem ajeitadas.
será que quem ler isso vai achar que eu ganhei na loteria, achei um incrível marido e vou morar em paris?
pensei e pensei e claro, nada disso aconteceu. o que mudou nos últimos dois anos e meio, quando a minha vida ficou dura como eu jamais imaginei que uma vida pudesse ficar? há dois anos e meio eu pesava o mesmo que peso agora, não fumava pitos fedidos - cousa que tampouco faço agora -, já tinha meus filhos, já morava no pequeno apartamento onde continuo morando. ah, o carro. eu tinha um carro enorme e super ultra potente, turbo. e agora tenho um carro de gente normal, 1.4. os cabelos tão iguais. foram cortados bem curtos mas já cresceram. bom, acho que minha bunda caiu. acho não. tenho certeza. bundas não caem quando passamos há tempo dos 30 e nos aproximamos dos 40. elas despencam.
então, balanço final: carro menor, menos potente, e bunda mais caída. e, já ia esquecendo, meu pequeno apartamento tem uma linda banheira, coisa que não existia quando mudei, há dois anos e meio.
e então? como assim as abóboras estão ajeitadas?
é uma sensação. ah, esqueci mais um ponto mui importante: a conta no banco continua com menos dinheiro do que eu gasto. mas sinto os nós se desatando. não sei se conseguiria listar isso. mas grosso modo seria: agora tenho um trabalho fixo, os herdeiros crescem fortes, escolhi a escola dos pequenos para o próximo ano, meu apartamento terá uma escritura no meu nome, o ar me falta mas eu sei que vai voltar, meus amigos são amigos leais e fiéis e maravilhosos que me dão bom vinho e bom amor, eu tenho escrito, vou mandar quebrar uma paredinha do apartamento logo, vou pintar o apartamento de cores incríveis como lilás, verde e berinjela, eu acho normal meus filhos terem o pai que têm (legenda: antes eu não achava), eu ando mais quieta, minha filha parou de chupar chupeta hoje e é isso.
cousas tão singelas que fazem tanta diferença.
mas meu deus do céu, quando eu vou parar de escrever textos papo-cabeça que devem fazer pouco ou nenhum sentido senão para mim?
não sei.
mas às vezes é melhor não ter respostas. acho que dói menos.
hasta la vista.