quarta-feira, 21 de abril de 2010

meus dias sem azeite. sim, azeite de oliva

eu acho que se eu fosse pra uma ilha deserta e me perguntassem o que eu levaria para comer, e se eu tivesse só uma escolha, eu levaria uma lata gigante com azeite de oliva extravirgem. daquelas que são vendidas na beira da estrada na itália, e que a gente não compra simplesmente porque é impossível carregá-las.
pois eis que dei uma surtada e resolvi fazer uma dieta surreal de desintoxicação e emagrecimento. uma dieta xiita e maravilhosa, que faz a gente dar valor a qualquer rodela de abobrinha cozida no vapor, que faz o corpo da gente ficar com o formato orginial - ah ah ah, essa é boa, escapou sem eu pensar - mas que exige muito, muito esforço.
deve ser mais farta do que a dieta de um faquir (não lembro de ter escrito essa palavra na minha vida, e ela me soa estranhíssima). well, o resumo da ópera é: uma fruta por refeição e nos intervalos entre o singelo café da manhã e o verde almoço, uma torrada de pão sueco de manhã e à noite, e caldos de legumes com salsa fresca no almoço e no jantar, mais salada crua com limão e verduras cozidas sem gordura nem sal.
num ato heroico, cheguei ao quinto dia. vou ver se consigo completar uma semana e encarar a segunda. acho que as possibilidades são extremamente remotas, mas quando subo na balança fico beeeeeeem contente. a dieta não faz emagrecer, ela faz secar. e acho que como o esforço é animal, a gente seca com consciência. ah ah ah de novo. sei que o nirvana não se atinge pela boca, mas às vezes parece que o nirvana e o ponteiro da balança que vai descrescendo têm uma relação íntima.
afe!
eu odeio dietas de emagrecimento. dietas outras não me incomodam: para ficar mais forte, para tratar algo específico. mas para perda de peso eu acho sinistro. por isso sempre disfarço minhas iniciativas: a primeira da minha vida foi para parar de fumar: quando os marlboros deixaram de ser meus amigos, nos idos anos 90, eu estava magérrima. depois foi para engravidar. e assim engordei só 18kg, e não 25. ah ah ah de novo. depois vieram outras para tratar da saúde. mais ah ah ah.
daí que eu sinto falta do azeite de oliva. e sinto saudade. coisa de gente com alma gorda, que mesmo quando está magra pensa em comida.
mas é claro que é mui aflitivo. meu primeiro caldo de legumes foi no sábado, sozinha em casa, e sem ter o que fazer. foi bizarro, pra não dizer dramático. depois veio o domingo, e a metade da semana. filhos, escola, desemprego, falta de ar. sim, como brinde ganhei uma falta de ar amiga, que me acompanha desde as 5h, quando saio da cama, até a hora que vou deitar.
mas como eu acho um insulto não terminar as coisas a que me proponho - desde lavar a louça até aprender a respirar e não chorar depois de 1 hora dirigindo a 10km/h -, sigo firme, forte e louca.
propostas de trabalho que ficam só na proposta e não viram trabalho, juros para o banco que eu nem me aflijo mais em pagar - como é incrível a adaptação do ser humano a qualquer coisa, q-u-a-l-q-u-e-r uma mesmo -, os malabarismos diários para viver nesta cidade cinza e tão grande, as saudades que eu tenho daquilo que tá longe da minha vida agora.
ainda bem que a semana é curta. um feriado numa quarta-feira me faz ter certeza de que hoje é sábado, mas de que amanhã não é segunda, mas quinta. a semana começa e, de repente, acaba. com uma folga para o ócio bem no meio. è perfetto.
deus esteja!