sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

o cartão azul, a.k.a passaralho

eu estou quieta mas é impossível não escrever. até porque escrever não é falar com a boca, mas com a cabeça. será que isso faz sentido?
o dia parecia um dia como qualquer outro, as crianças perto de completar 50 dias de férias, o pintor pintando a parede da sala de roxo escuro quase preto, eu suando antes de chegar à corporação.
e eis que recebemos o cartão azul. troço chato, elogios, 'seu trabalho é ótimo, v se dedicou ao projeto, mas o projeto foi cancelado'. coisa linda. e a ficha demooooooora pra cair. fico pensando em por que dramatizamos a perda de um trabalho. já trabalhei em tantos lugares e mais uma mudança não devia causar em mim pânico nem medo nem nada. talvez só tenha causado perplexidade. e isso é um pouco alflitivo.
tudo na vida passa. o que é bom e o que é ruim. bons amigos e amigos nem tão bons. bons rapazes e outros péssimos. conta bancária gorda e às vezes magérrima, desnutrida. a gente muda de casa de cabelo de carro de gostos e por que mudar um trabalho seria diferente disso tudo?
atualizar currículo, fazer spam, vários telefonemas. já fiz isso tantas vezes, e nos últimos dois anos e meio mais do que nunca. então qual é o problema?
o problema é manter o bom humor e não ter sensação de morte só por causa do cartão azul. como dizia um amigo meu, dinheiro não é problema, dinheiro é solução.
oh my god.
sobreviveremos todos. todos no caso eu e mais todas as pessoas adoráveis que trabalhavam comigo e que me faziam sentir graça no trabalho, para dizer o mínimo. pessoas adoráveis que faziam o dia-a-dia ser mais divertido do que era antes de trabalhar com eles, que riam comigo das nossas comidas de bola e com quem era bom beber e dar risada.
o almoço de despedida da corporação foi cool, se é que posso dizer que entre umas lágrimas - antes do almoço - e outras - depois do almoço - a gente acha alguma coisa cool.
mas agora, pensando no spam do currículo, acho tudo uma merda. uma grande merda.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

sentada sobre jornais, no chão da sala,

abro o meu computador. as crianças foram pra cama, e eu penso em como é bom viver sob adversidades. a adversidade, no caso, responde por zequinha, o pintor que está pintando meu pequeno apartamento com t-o-d-a a minha pequena famíla dentro.
esta noite dormiremos em nossas camas, que estão nos seus respectivos quartos. o que é um upgrade, já que ontem dormimos todos na sala.
a santa nalva, por algum motivo que desconheço, ainda não pediu demissão. ela não só tem trabalhado enquanto o zequinha pinta as paredes, como o ajuda a deslocar os móveis pelas peças e cuida dos meus filhos, cujas férias de 53 ou 55 dias ainda não terminaram.
meu deus.
a TV, por iniciativa do zequinha, está no quarto das crianças. claro que ele imaginou que as crianças ficariam sentadas o dia inteiro em suas camas vendo filminhos de qualidade duvidosa enquanto ele pintaria alegremente a sala, o minúsculo corredor e a cozinha e a área.
acabo de ver que metade do que eu escrevi sumiu. e eu escrevia sobre a paciência, sobre como toda noite agradeço por estar achando tudo - o caos inclusive - bom.
amanhã sairei com filhos para comprar pregos e parafusos, porque no fim de semana vamos nos divertir com martelo e furadeira, colocando quadros e mais quadros.
depois só vai faltar achar um tapeceiro para consertar um sofazinho e uma banqueta e uns assentos de cadeira que são mais velhos do que eu. e comprar umas luminárias. e achar uma cortina incrível para a gigantesca janela da sala.
ah ah ah. terei uma casa nova sem ter me mudado.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

a cama na sala

um fim de semana na praia às vezes equivale a vários dias longe de tudo. e assim foi. foram pouco mais de 48 horas não só longe de casa como longe da cidade cinza. a coisa foi tão séria que algumas partes de mim estão da cor de um camarão pré-cozido. leia barriga, coxas, ombros. uma coisa feia, sinistra, pra ser elegante. e calculo que devam ser os longos dias na corporação que fizeram eu ficar da cor verde-escritório e sensível aos raios do sol que estava escondido atrás das nuvens e mesmo assim fez com que o protetor fator 30 fosse insuficiente.
depois de banhos de mar, de piscina, de comer churrasco, tomar cerveja, comer lula, dar risada, cantar, dar muita gargalhada, tomar chá de menta, voltei pra casa feliz da vida. e hoje, ainda feliz da vida, passei a manhã junto à boiada que, como eu, foi pedir visto para poder entrar em solo norte-americano. horas e horas sentando em bancos cheios de gente e, nossa!, mais um passaporte vai ganhar o carimbo da autorização dos donos da terra do tio sam.
minha bunda ficou quadrada e eu fui trabalhar. uma bela chuva veio de presente quando eu tomava café na praça da corporação. e uma chuva muito fina caía há pouco, quando voltei pra casa andando.
e quando abro a porta de casa, suspresa! minha cama está na sala. claro que na vida as coisas não vêm isoladas, mas em grupo. e os começos dos anos costumam me presentear com uma energia boa que me traz movimentos. mas agora parece que os movimentos estão intensos.
saí de casa de manhã cedo com a cozinha vazia - o marceneiro havia levado uma mesa e seis cadeiras para restaurar. e na mesma sexta-feira o pintor veio em casa para orçar a pintura de todas as paredes do apê. e a pintura começou hoje. todos os móveis do meu quarto e do quarto das crianças estão...na sala! mas fiquei pensando que incrível mesmo vai ser quando todos os móveis da sala forem para o meu quarto. aí vou dormir na cozinha. ah ah ah.
não vou enumerar as mudanças que estão chegando com os movimentos "presentes do começo de cada ano" senão vou desmaiar de tontura.
queria queimar um incenso e não consigo encontrar o cesto onde guardo as varetas. olhei sobre as camas empilhadas, nas estantes com brinquedos que estão em frente à minha estante de livros, debaixo da mesa de jantar, onde há uma casinha de boneca de madeira e uma carriola do mesmo material, e nada do cesto com incensos.
va bene. daqui a pouco o tal do cesto pula na minha cara.
e à noite vou dormir com uma luz acesa, para demorar menos de 5 minutos para saber onde estou caso acorde no meio da noite. e para não bater em todas as coisas organizadamente espalhads pela sala.
meus deus.
e agora vou me preparar para ir à edificante reunião de condomínio. e pensar que semana que vem vou ficar dando risada olhando pras paredes da minha casa, com tantas cores lindas e quentes.
deus esteja.