sábado, 26 de julho de 2008

não sabendo que era impossível, foi lá e fez

estava eu a lavar louça alegremente quando a frase, velha conhecida, apareceu na minha cabeça e não foi embora.
sábado. programas com as crianças. geral na casa antes de sair. uma luta livre na sala, duas crianças brigando porque devem estar de saco cheio das férias. graças a deus as aulas das crianças voltam. logo. em pouco menos de 48 horas.
mas enquanto eu lavava a louça e a frase ficou na minha cabeça, fiquei pensando nas questões hercúleas dos seres humanos. cada um com suas tarefas, que sempre parecem tão difíceis e normalmente são tão duras.
meu deus, que pensamentos para uma manhã de sábado ensolarada! mas fiquei pensando: contra todas aquelas baboserias de "mulher da revista nova", que é gostosa pra sempre, bem-sucedida pra sempre, tem namorado pedaçudo pra sempre, trabalha e ganha superbem e cria filhos sem depender da parte masculina do casal, como é possível que tantas e tantas mulheres criem filhos sozinhas? levam pra escola, arranjam a empregada, pensam na comida, contam história à noite, levam ao parque no sábado, passeiam com eles e os levam ao cinema, apartam brigas selvagens?
(me vêm à cabeça aquelas mulheres norte-americanas mães de três filhos, que não têm nem empregada, nem babá, nem faxineira. que não têm mãe que ajude, e cujo marido trabalha o dia todo e à noite vê tv. que imagem assustadora! elas andam pelo supermercado carregando os três, com cabelos que não vêem um cabeleireiro há tempos, com unhas que não sabem o que é uma manicure, e normalmente com um excesso inimaginável de gordura no corpo. chega a dar falta de ar pensar nisso.)
lembro de uma mulher linda que conheci numa...festa infantil! começamos a conversar e ela me mostra as duas filhas, lindas como ela. cabelos pretos, encaracolados, olhos espertos e grandes. e vamos conversando e ela me conta tudo o que seria difícil de acreditar: ela, linda, mora sozinha com as crianças, mudou-se para outra cidade, longe do ex-marido, a família do tal nem fala com ela. ela trabalha e estuda e dá conta das duas filhas e ainda sai uma vez por semana, feliz da vida, para ir ao cinema ou encontrar amigos. feliz, feliz, feliz.
sou daquelas pessoas muito antigas, que acreditam que crianças têm de ter um pai e uma mãe. não necessariamente casados, não necessariamente morando na mesma casa, não obrigatoriamente dividindo a mesma cama e todas as contas da casa. mas um pai e uma mãe.
e como será que tem gente que dá conta de tudo?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

os bons, muito bons amigos

luxo é fazer o que a gente gosta. e poder se sentir confortável. o resto é bullshit.
hoje fui faceira tomar chá com uma amiga. nossa, chá? que perua!
perua nada. isso é luxo. cheguei um pouco depois das 4pm. minha amiga, grávida e com insônia, tava com a cara amassada. pensei que fosse gripe. horas mais tarde, tipo 10pm, descobri que ela estava dormindo até um pouco antes de eu chegar. a médica dela receitou um remedinho pra dormir (ou pra relaxar?), e ela começou a tomá-lo hoje de manhã. de forma que à tarde ela teve uma alegre soneca.
e então nosso chá de meninas que sabem o que é bom na vida começou à tarde e terminou perto da meia-noite. mas não foi um chá qualquer. além do chá, comemos uma coisa maravilhosa feita no forno, cujo nome esqueci, que nada mais é do que um sensacional sanduíche com pão, queijo, presunto, queijo ralado, orégano e um molhinho delicioso, tudo gratinado. comemos horrores.
partimos pro vinho, na sacada, com uma linda vista de são paulo, muitas luzinhas ao longe e várias janelas em frente aos nosso olhos. ficamos escolhendo qual janela era a casa mais legal, com cara de casa de gente feliz.
salsichas brancas com chucrute e mostarda escura surgiram na nossa frente, trabalho de um marido gentil. comemos mais uma vez.
enquanto comíamos e bebíamos, conversamos assuntos edificantes, desde onde comprar um terreno para construir uma casa adorável até como trabalhar sem horários cretinos, passando por livros que estamos lendo e fotos de um casamento que aconteceu há quase uma década, quando éramos mais jovens, mais magros, menos grisalhos e claro, menos vividos.
então combinamos um brunch e um churrasco, e eu cheguei em casa tarde e feliz. como é bom ter amigos. falar, dar risada e comer coisas deliciosas. e poder dormir em paz. ouvindo marvin gaye. meu deus. isso sim é ser feliz.