sábado, 20 de setembro de 2008

mas mãe também é gente?

as mulheres iam chegando quase timidamente. o encontro havia sido marcado num restaurante nos jardins, em são paulo.
eu chego com uma amiga, que havia me convidado. ela tinha me dito que era uma conversa, uma palestra (não lembro a palavra que ela usou) seguida de uma jantar, cujo prato seria arroz de polvo. isso era tudo o que eu sabia. ah, e que era só pra mulheres.
(eu nunca tinha participado de um evento exclusivamente feminino, exceto um ou outro encontro na minha casa com uma ou duas ou três amigas.)
no caminho até o restaurante - longo caminho, porque além do trânsito a flávia se perdeu. a gente conversava mais do que olhava as placas com os nomes das ruas -, descobri que quem falaria era a denise e sua sócia, renata. elas têm uma empresa show de bola, que faz pesquisas, mas só do universo feminino! é a uma a uma.
chegando ao restaurante, subimos. o restaurante é no térreo, mas o evento era no piso superior, numa sala com uma mesona. mas antes de chegarmos à mesona, vimos uma cozinha. não uma cozinha normal, mas uma cozinha para aprendizes. nova descoberta: nós teríamos de cozinhar nosso próprio jantar!
não, não era a gravação de um episódio de um reality show, "como mulheres de 30/40 anos com filhos se viram na cozinha". era uma aula de culinária.
mas voltemos ao início do encontro. a conversa começa, e cada mulher se apresenta. não éramos muitas, mas aparentemente nenhuma sabia todo o roteiro. na verdade, fomos gentilmente convidadas para esse encontro, pelas meninas da uma a uma, para sermos cobaias no primeiro do que pode vir a ser muitos encontros. a denise e a renata falaram sobre a mulher no último século, a relação entre o universo feminino e a mídia, e onde estaríamos nós. nós quem? as mulheres que não estão na mídia, que não são capa de revista, que não têm a boca da jolie, mas que saem de casa numa quinta-feira fria, arrumam babá ou marido ou alguém para cuidar do(s) pequeno(s), e vão a um encontro para conversar sobre a vida. sobre trabalhar, ganhar dinheiro, ficar feliz, casar, descasar, cuidar do corpo/cabelo/cor das unhas, parar de trabalhar, voltar a trabalhar, voltar a estudar.
e papo vai papo vem, hora de irmos aos fogões. sim, eram muitos fogões, seis deles, doze bocas no total. e na frente de cada boca, uma mulher, com avental, pronta para as instruções da jovem chef, que nos ensinou um risoto de polvo. foi sensacional. eu e todas as mulheres com quem conversei jamais tinham feito um curso de culinária. uma não sabia cozinhar. ela estava em estado de graça. outra não sabia fazer risoto, só arroz. outra odeia polvo, mas cozinhou até o final, só não comeu. e eu fiquei pensando por que cargas d'água já paguei DOIS cursos de culinária pra santa nalva, minha adorável empregada, mas nunca paguei NENHUMA aulinha sequer para mim.
o risoto ficou pronto, e cada aluna, radiante com seu pratinho branco e quadrado cheio de risoto com tinta de lula, voltou ao seu lugar. e mais conversa. e sobremesa - petit gateau de capim santo com sorteve. e café. e olhei no relógio e eram 11pm. saí de lá meia hora depois, eu e a flávia, as duas felizes de vida por terem feito um programa tão legal, tão diferente. cheguei em casa esbaforida, passava da meia-noite, e chamei um táxi pra doce nalva ir pra casa, para no outro dia acordar às 6am e levar os filhos dela pra escola. coisa que eu também faria. e bem feliz.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

o chão onde fica, por favor?

demorei, mas agora vai. daqui a dois dias completo um mês de volta à vida na corporação.
uf.
tudo está indo bem, muito bem. minha carteira de trabalho milagrosamente não tinha bolor. mas foram seis anos sem uso. ou quase, se eu considerar dois contratos temporários na super idônea rede globo.
dois dias antes de completar seis anos longe do mundo corporativo, tive minha carteira novamente assinada. crachá, vale-tranqueira (um cartão para pegar numa máquina coca-cola, barra de cereais e sanduíches não animadores), plano de saúde empresarial (leia beeeeeem mais econômico do que uma unimed ruim e particular), exame médico admissional (descobri que tenho uma escoliose leve, segundo o médico que me examinou) e todas essas coisas que quem trabalha em firma tem direito a ou obrigação de.
então desde que dei início às atividades na empresa não estou com um problema de falta de tempo. simplesmente não tenho tempo. sei que isso é relativo e que é uma viagem na maionese, mas os dias têm tido seus minutos, suas meias horas e seus turnos cronometrados. não vou entrar em detalhes senão vão achar que este blog é um saquinho de vômito de avião de uma mãe louca. e, convenhamos, não é essa a idéia.
mas dando continuidade às minhas elucubrações, eu fiquei pensando no chão que eu piso - ou no tempo que eu não tenho, o que eu acho que pode dar na mesma. não me sinto pisando em ovos, grazie al celo (ou seria com dois "l"s?). ao contrário. o trabalho é bom, e eu estou feliz. mas às vezes parece que o chão vai sumir. tenho de ficar atenta.
e preparar as comemorações dos meus 13 anos morando nesta adorável e cinza cidade. quantos números significativos, meu deus. e quantas garrafas de prosecco a beber! vou fazer, em vez uma to-do list, uma to-drink list. ah ah ah!