terça-feira, 31 de agosto de 2010

o dia de motorista (ou: por que as mães ficam cansadas?)

eu vim dirigindo pra casa com vontade de dormir. toda vez que o farol fechava, eu quase fechava os olhos e ficava espiando pra ver se os farois vermelhos do carro da frente estavam perto ou longe de mim. pra saber se era hora de engatar uma primeira ou se eu podia quase fazer de conta que ia dormir e esperar mais um pouquinho.
passei o dia dentro do carro. e entre uma saída do carro e outra, trabalhei.
5am - acordei
6:30am - saí de casa, peguei os filhos da roberta do outro lado da ponte, e levei as quatro crianças pra escola
7:45am - saí da escola e peguei a estrada muito fluida
8:30am - passei pela esquina de casa e resolvi dobrar, entrar na garagem e ler o jornal em casa
9am - saí de casa para uma reunião na paulista
12:30 - terminou a reunião, e eu vim pra casa almoçar. coisa rara
1:30pm - saí de casa com a lívia, rumo à dentista
2pm - mesmo com muito, muito trânsito, chegamos na hora
3pm - saímos da dentista. olho no relógio e vejo que até comprar o sorvete da lívia, seguindo instruções da dentista - "ela merece um sorvete porque tem escovado os dentes muito bem" - e chegar em casa, ela se atrasaria pra natação. ligo pra casa e digo que a lívia vai direto pra natação
3:30pm - lívia e eu vemos joão e nalva na esquina. eles estavam andando em direção à natação. damos carona pra eles, e o joão acaba ganhando um sorvete também.
3:40pm - deixo todos na natação e vou pro trabalho
4pm - chego ao trabalho exausta. parece que a reunião que aconteceria às 17h não vai acontecer. mas acontece. só um dos participantes cancelou sua presença
4 e pouco - leio um e-mail bizarro do meu irmão, dizendo que é bom que eu e minha irmã desencalhemos até o natal, para que tenhamos pessoas novas nas comemorações. minha irmã responde, dizendo que meu tio de 70 e poucos anos que ficou viúvo há um já desencalhou. dou gargalhadas sonoras. foi mal. quem está perto de mim fica olhando e pergunta se tá tudo bem
5pm - começa a reunião. por isso que eu tinha ido até o escritório hoje
6pm - fim da reunião. mando uns e-mails, faço umas anotações, desligo minha máquina e vou-me
6:30pm - chego em casa. digo tchau pra nalva. e nem chego a ficar triste por não ter ido ao lançamento do livro de um colega de trabalho (afe, colega de trabalho é dureza, hein?)
8:14pm - termino de escrever este texto. estou morrendo de sono, e vou dormir. espero que os sonhos sejam óóótemos.

domingo, 29 de agosto de 2010

eram só mulheres

combinamos um almoço. do tipo que não dá trabalho. e se eu entrar em detalhes, parece até que vai perder a graça. mas eu vou entrar em detalhes, e se parecer sem graça, é engano. frango que um motoboy entregou na porta da casa, salada de rúcula, molho pra salada de um livro de receitas de um restaurante megablaster vegetariano de londres. ah, como posso esquecer, ervilha torta al dente, tomatinhos e palmito em rodelas.
mas antes de nos sentarmos à grande e bela mesa, comemos pão italiano e pão sueco com sardela cheia de pimenta e queijo de cabra cremoso e maravilhoso.
mas é claro que eu não pretendo descrever o frango da padaria - sei lá se era da padaria, mas suponho que sim.
na verdade, éramos quatro mulheres e um homem. mas este estava no carrinho, fazendo os barulhinhos típicos que um bebê pequeno e feliz faz no carrinho. bebemos vinho rosé e outros vinhos. mas antes tomamos chimarrão. menos a mãe do rapaz, porque moças que amamentam não bebem vinho nem chimarrão.
o que mais deu trabalho na preparação da nossa frugal refeição foi lavar a rúcula. e talvez espremer o limão para o molho da salada. mas a gente não estava preocupada com isso. os planos de se fazer uma torta para acompanhar o prato principal foram abortados. a gente queria conversar, e a torta era de fato dispensável.
como é bom beber falar comer e dar risada. uma dava de mamar para o filho, e fez uma bizarra mas eficaz compressa de ricota no seio esquerdo para tratar de uma incômoda mastite - aos leigos, uma explicação: mastite é uma inflamação que pode dar em moças que amamentam - entre uma mamada e outra. a segunda reclamava das vacas magras na vida afetiva. a terceira preferiu não tecer comentários sobre o tema - há assuntos que por vezes ficam muito chatos depois da milésima repetição. e a quarta dizia que no mundo gay não existem problemas, pelo menos no que se refere a relacionamentos sexuais - será que afetivos também?
as três não gays da mesa rapidamente perguntaram se "a vida gay é mais fácil". não, concluímos todas. ufa!
das quatro, duas têm filhos. uma delas acaba de ter o terceiro, desta vez sem marido. o rapaz arranjou uma namorada e se foi. agora mora na casa da namorada, mãe de três filhos. e de 15 em 15 dias busca os seus dois filhos - o terceiro é um bebê e não vai junto - para passar o fim de semana na casa da nova mulher.
como todo homem que se separa dos que nós conhecemos - nós as quatro mulheres -, ele mudou seus princípios depois que mudou de mulher. antes ele contava história para os filhos dormirem, agora ele liga o timer da TV e as crianças pegam no sono com o aparelho ligado. ah, vá!
mas a verdade é que não nos detivemos no comportamento nada exemplar de alguns rapazes que conhecemos. falamos mais é sobre as moças que casam com rapazes bobalhões. esses mesmos que depois arranjam uma namorada quando a mulher está grávida. e que se mostram tão pueris quando poderiam pelo menos mostrar que são homens de verdade. ai que preguiça.
mas é pra frente que se anda. e há moças neste mundo que dão conta de criar filhos sozinhas. minha amiga é uma delas. sofreu, chorou, mas a barriga cresceu e ela está linda, forte e ainda ganhou de presente do céu um filho. ela nunca esteve tão bem. tão bem que teve hoje a mesa da sala cheia de amigas, tá magérrima, e já consegue fazer piada a respeito - e na frente - do ex.