sexta-feira, 10 de abril de 2009

os encontros

os velhos chegaram hoje de manhã. o carro foi cheio ao aeroporto: eu, meus filhos, minha irmã e a filha dela. já que os velhos mais as malas não caberiam, eu ia sugerir um táxi. mas achei que os velhos gostariam de ver os netos que moram no brasil todos juntos (as filhas do meu irmão moram com ele nos estados unidos).
como minhas lágrimas não têm tido constrangimentos em jorrar, fiquei com os olhos cheios delas ao chegar ao aeroporto. meu filho queria ficar plantado em frente ao portão de desembarque esperando os avós, mesmo depois de eu dizer que o avião ainda nem tinha pousado. nisso chega um velho de cabelos maravilhosamente brancos, acompanhado da mulher. quando eles encontram o casal que os esperava - com cabelos igualmente brancos -, o velho que chegava abraçou o velho que o esperava e disse 'hello, brother'. os dois se comunicavam em inglês, e se abraçaram ternamente, praticamente um convite à minha enxurrada de lágrimas.
claro que eles não foram os únicos. olhei para os lados e vi muitas e muitas pessoas se abraçando de saudades, chorando de saudades, rindo de saudades.
convenci o joão gabriel a me acompanhar para um café. sentamos na mesa onde minha irmã já estava feliz da vida tomando um café, acompanhada da minha sobrinha, que comia pedacinhos de pão de queijo. bebemos e comemos e voltamos ao portão de desembarque. meus velhos logo apareceram, as crianças gritaram e abraçaram os avós. e cumprimos os trâmites básicos de aeroporto, xixi, pão de queijo pra minha mãe, pagamento do estacionamento que deve ser o mais caro do mundo. e achei que talvez caberíamos todos no carro, apesar de o meu amigo mau humor dizer para mim ó que horror você tem um carro tão pequeno que só cabem cinco pessoas.
apostamos. eu achei que não caberia tudo, e se não coubéssemos todos - uma mala, duas bolsas grandes, uma mochila, quatro adultos e três crianças -, resolveríamos tudo com um táxi, pela exorbitância de 100 reais.
coubemos todos. e viemos pra casa. o carro pesado, e eu pensando em como sou mau humorada toda vez que penso que minhas coisas são pequenas demais, o meu carro, a minha casa, a minha mente. pensei naqueles carros velhos que vejo nas ruas com trocentas pessoas dentro, todas com cara de felicidade que sempre me fazem morrer de inveja. meu deus, como eu consigo sobreviver às minhas ondas de mau humor?
e passadas várias horas, umas lágrimas ameaçam escorrer sobre as minhas bochechas. pro que valeria a pena viver se não fosse pelos encontros?
todos dormem. meus filhos nas suas respectivas camas, minha irmã no sofá, minha sobrinha sobre edredons fofos e cheirosos no chão da sala, e meus velhos no hotel a alguns passos da minha casa. agora vou eu.
deus esteja.