segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sobre trabalho, trânsito, prevaricação e loucura

eu levaria uma hora para voltar pra casa, e outra meia hora para vir à escola buscar as crianças.
A motorista tinha uma consulta médica às 11h. e talvez se atrasasse para buscar as crianças. Então resolvi não ir ao escritório, mas trabalhar em casa, para poder buscá-las. Mas feitos os cálculos do tempo gasto para ir e voltar da escola e depois ir novamente para buscá-las, vim trazê-las e não voltei.
Primeiro fiquei em dúvida se isso seria útil. Aí lembrei da 1 hora e meia ou duas horas que eu deixaria de estar sentada no carro e tive certeza que sim. Mas quando pensei que mui possivelmente eu não conseguiria me conectar à internet, a dúvida voltou.
Mesmo assim, preparei minha pesada mochila. Caso desistisse, voltaria pra casa. Mas aqui estou eu, sentada num canto da maravilhosa biblioteca da escola das crianças. Em meia hora, li dois textos que eu tinha de ler e que estavam no meu computador. Daqui a pouco, vou partir pros textos em papel que tenho de ler e onde tenho de fazer anotações, ter ideias e marcar minhas dúvidas.
Mas fiquei pensando: como as pessoas do escritório saberão que estou trabalhando se estou offline? Mas por que mesmo as pessoas do escritório TÊM DE SABER que estou trabalhando? Não basta eu trabalhar?
Pronto, cheguei ao ponto que estava me perturbando quase a ponto de me fazer ficar parte da manhã sentada no carro para ser mais “produtiva”. De onde é que surgiu a ideia de que pessoas que estão conectadas estão trabalhando? Aí quem está offline está prevaricando?
Eu consegui passar um fim de semana inteiro sem nem olhar pro meu computador. Não que isso seja um acontecimento. Mas saí do trabalho sexta no final da tarde e só fui ver e-mails na segunda, depois das 8am. Achei glorioso.
E agora estou aqui pensando em como fazer as pessoas saberem que estou trabalhando se não estou respondendo e-mails nem mandando mensagens via messenger.
Talvez seja esse mesmo pensamento tolo que faz muitas pessoas carregarem computadores para reuniões onde se discutem ideias. Aí temos a impressão de que vamos pensar melhor com uma tela azul na nossa frente. É bizarro.
Eu não leio e-mails no celular. E jamais carrego meu computador quando viajo. E mesmo assim, acho que me enquadro no grupo “os tolos que acham que estar online é tudo”. Socorro. Como posso me curar deste mal?