sábado, 31 de maio de 2008

oba! fim de semana sem filhos!

assim como tudo na vida tem dois lados, ter filhos é uma delícia, mas meus finais de semana "de folga" também são maravilhosos. e merecidos. pra inveja das minhas amigas casadas, que dividem as funções relacionadas aos seus pequenos herdeiros com outra pessoa, mas acham que isso não é privilégio. é sim. e como eu não tenho esse privilégio (levo e busco da escola, idem pras casas dos amigos e festinhas e todas as outras coisas que todo mundo que já procriou sabe o que é), a cada 15 dias eu tenho meus dias de folga. filhos na casa do pai deles, e eu sozinha na minha.
mas como a vida é cheia de surpresas, minha noite que antecedeu minha folga, e a manhã seguinte, me fizeram gastar o vinagre branco e fedorento que mantenho estrategicamente ao lado da banheira.
piolhos!
eu achava que meus lindos e adoráveis filhos fossem imunes a essa praga, que até o início deste ano andava longe das cabeças deles. mas não é que um dia meu filho volta da casa de uma colega com "uns piolhos na cabeça"? assim me disseram a babá e a mãe da colega, ambas constrangidas.
eu não entendia lhufas do assunto. na farmácia, comprei um tubo de kwell, um incrível produto que em 10 minutos mata os bichanos. achei tão revolucionário! na minha infância, eu e meus irmãos éramos mantidos em casa uma tarde i-n-t-e-i-r-a para receber a aplicação de neocid, um pó que devia ser super ultra venenoso, na cabeça. depois, minha mãe enrolava uma toalhinha ao redor da cabeça e, por cima, colocava uma touca plástica. e passávamos a tarde não na escola, mas em casa, coçando a cabeça loucamente e aguardando o banho, que nos livraria daquela barbárie.
mas voltando aos dias de hoje, ou melhor, à tarde em que meu filho voltou para casa com o diagnóstico que tanta gente acha um nojo. nem isso eu achava, tamanha minha ignorância. pois passei máquina 2 na cabeça dele, depois apliquei o tal do kwell e com o pente fino extraí os bichos.
semanas depois, foi a vez da minha filha. mais kwell, vinagre, pente fino, lençóis e toalhas lavados com água muito quente.
tudo passou e eis que ontem à noite, mais piolhos. nos dois! vinagre (é beeeeem mais barato que os produtos da farmácia), pente fino, lavagem de cabelos hoje de manhã cedo, mais pente fino.
e uma descoberta: minha obsessão por catar piolhos! se antes eu não sabia nem como era um piolho e não enxergava nem um ovinho (também conhecido como lêndea) que fosse nas cabeças clarinhas das crianças, agora vejo piolhões, piolhinhos, lêndeas. detecto se as lêndeas estão vivas ou mortas, e hoje fiquei durante mais de 30 minutos enlouquecida passando o tal do pente fino (que mui apropriadamente vem junto com o kwell!) na cabecinha da minha filha, que pacientemente brincava enquanto ouvia sua mãe louca dizendo "não se mexe, minha filha, a mamãe achou mais uma lêndea!".
socorro. será que isso tem cura? tomara. agora vou aproveitar a minha folga. unhas pintadas, almoço com amigos, festa da minha amiga à noite. piolhos, só amanhã.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

carro, avião, bergamotas e terra vermelha

árvore apoiada com pedaços de paus para suportar o peso dos galhos carregados de bergamota, nas terras do benjamin.

pinguela: tronco ou prancha que serve de ponte sobre um rio. na foto, a pinguela construída pelo benjamin, o próprio e o meu filho.

e então lá fomos nós, para o interior do rio grande do sul, visitar as minhas tias queridas. isso significa 1 hora e meia de avião de são paulo a porto alegre, 8 horas de carro (um pouco mais de 400 km num carro com um pai, uma mãe, um filho de 6, uma filha de 3 e eu) de porto alegre a ijuí, e muito, muito bom humor.
depois que voltamos para porto alegre e, dois dias depois, para a minha casa em são paulo, fiz os cálculos e pensei que daqui a uns 10 anos posso repetir a aventura.
voltando ao interior. um calor horroroso virou um frio de 8 graus celsius. as roupas t-o-d-a-s ficaram imundas, com muita terra vermelha. comemos bergamotas como selvagens. bergamotas em ijuí são encontradas nos quintais das casas. no quintal da minha tia tinha ponkan. horrores de ponkans maravilhosas, frescas, mil vezes mais perfumadas que as que eu como em são paulo.
dos cinco dias na estrada, comemos quatro churrascos. as crianças ganharam um saco de balas, duas caixas de bom-bom, muito bolo, sorvete e chocolate. uma pajelança.
nas andanças por aquelas terras lindas e muito vermelhas, meu pai encontrou um colega de escola que ele não via havia mais de 60 anos. na propriedade de 25 hectares de benjamin fridriszeski há muita bergamota e laranja (que ele diz não comer) e uma pinguela bem alta. para apoiar, uma cordinha amarrada em duas árvores, uma em cada margem do riozinho. benjamin atravessou a pinguela segurando a mão do meu filho, e eu atravessei segurando a mão da minha filha. "olha pra pinguela, não olha pra água que dá tontura", ia repetindo ele, que diz ter caído somente duas vezes nos mais de 50 anos que mora ali.
as crianças jogaram muitas pedrinhas no rio, pegaram milho no pé e viram muita plantação na estrada. em porto alegre, rolou uma fogueira com as folhas secas do jardim dos velhos, fogo na lareira com pinhas e galhos do mesmo jardim e chá da tarde com as tias que moram em porto alegre com bolo de gengibre e torrada (misto quente para os não-gaúchos).
escrevo tudo isso sentadinha na sala da minha casa, com minhas alpargatas novas e meu chimarrão ao lado do computador. como dizia a minha avó, viajar é bom, mas o melhor lugar do mundo é a casa da gente. ir é bom, e voltar também.