sábado, 5 de setembro de 2009

a cidade cinza parece estar mais cinza hoje

é bom quando dias cinzas combinam com pensamentos cinzas. como hoje.
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ele é um cara tão, mas tão elegante, que quando eu disse a ele que fumava ele disse 'que feio'.
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falo com a minha irmã por telefone e ela me conta que tá bem, tá muito bem. bem como não esteve nos últimos anos. mais precisamente, nas duas últimas décadas. coisas que para mim são pequenas para ela eram muito, muito grandes. gigantescas, e horrivelmente assustadoras. e então esta semana, como que por milagre, ela deitou, dormiu e acordou no outro dia. feliz. e me ligou cedo, acho que lá pelas 7am. e disse que tinha dormido sozinha em casa com a filha dela. coisa que ela não fazia desde os 18 anos.
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tem dias em que a distância não importa, e que eu nem penso nela. mas tem dias que eu sinto saudades das pessoas que moram a mais de mil quilômetros da minha casa. e hoje é um dia desses. queria agora estar sentada na sala da casa dos meus velhos, tomando um mate e conversando com eles. para depois almoçar uma comida boa feita pelo meu pai e comer uma sobremesa feita pela minha mãe. e depois tirar uma soneca daquelas de sonhar.
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nenhum sentimento conecta a gente ao coração como a tristeza. quando ele me disse isso eu fiquei desconfiada. mas ele fala verdades. muitas verdades. tantas que às vezes eu não aguento, e acho que vou cair. mas não caio. a gente é sempre mais forte do que imagina.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

quieta

as palavras dela entraram pelos meus ouvidos quando me sentei sozinha, na sala escura, para meditar: aquietar o corpo para aquietar a alma. não é ipsis literis o que ela diz quando propõe uma meditação, mas esse é o sentido.
o corpo tem de parar para a alma parar também.
vou ficar mais quieta. vou andar mais devagar. vou dormir mais. vou falar menos. vou reclamar menos. pensar menos não dá, mas pensar mais devagar é possível, non?
vou respirar mais devagar e tomar banhos mais lentos. vou me mexer mais devagar e dirigir mais devagar também.
vou viver mais quieta.
agora é só imprimir minha lista de desejos e espalhá-la: na bolsa no quarto no banheiro dentro do carro no meu computador do trabalho. e dentro da alma, como faço?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

a vida pode ser bela, muito bela

a cunhada de uma amiga chamava de 'show de horrores' o fim do dia, quando os três filhos chegavam da escola. banho, jantar e cama. é tough. mas é real.
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vou desenvolver um botão, que poderá ser acoplado a qualquer criança. o botão só poderá ser acionado por mães, e durante ataques de descontrol (das mães, óbvio). vai ter três opções:
nível 1 - meus filhos ficarão doces e nenhum vai espancar o irmão
nível 2 - meus filhos vão me obedecer porque mamãe chegou do trabalho e tá exausta
nível 3 - o mais sensacional de todos: meus filhos vão dormir, porque tá na hora.
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a motorista dos meus filhos parou no farol e quando um daqueles insuportáveis vendedores de bala passou pelo carro dela a lívia pediu pra ela comprar balas. e então a luli, uma pessoa adorável, um anjo que apareceu na minha vida, disse que balas não eram legais, porque não faziam bem pros dentes. e disse que ela mesma nem gostava de balas. ao que a lívia respondeu: 'eu também não gosto. mas a minha barriga gosta, e a minha garganta também'. e a lívia tem só 4 anos. e não ganha balas da mãe.
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deus esteja, que eu vou tomar uma stella artois enquanto meus amigos não chegam.

domingo, 30 de agosto de 2009

sobre passarinhos, crianças e alegria

não sei se os meus ouvidos estavam mais atentos ou se os passarinhos estavam mais animados. o dia tá acabando, o sol já se pôs, e eu escutei a música deles o dia inteiro. há pouco, na janela da sala que dá pra obra do metrô, tava pensando nisso quando um beija-flor chega perto, muito perto da tela de proteção da tal janela.
eu tinha acabado de chegar de um almoço. minha amiga tinha me dito, quando veio me pegar em casa e eu ainda estava de pijama, que eu devia usar o vestido que refletisse o que eu tava sentindo. então, podia ser qualquer vestido do meu armário. a paula é assim, fala as coisas sem rodeios. e eu saí com um vestido roxo e cheio de flores.
durante o almoço, a elce, amiga da paula, conta como trabalha em UTIs. ela é pediatra, e além de trabalhar em UTIs, faz exames no coração de crianças recém-operadas. e ela diz que tem fases em que morrem muitas, seguidas de outras fases em que não morre nenhuma. assim é.
nisso a paula conta como é lidar com as pacientes que têm câncer. e fala de uma, conta das cirurgias feitas nela e que agora não tem mais o que tirar caso o tumor volte a crescer. e como ela dá conta? vendo as crianças gorduchas cujos parto ela é a obstetra.
em casa, sozinha, sinto saudades dos meus filhos, que vão voltar pra casa daqui a pouco. e sinto uma coisa chata, que acho que responde por solidão. e, pra fechar o dia em grande estilo, assisito a um vídeo com pessoas dançando muito, mas muito felizes. e não posso deixar de dar risada.