domingo, 25 de abril de 2010

sobre amigos e legendas

fazia quase um ano e meio que não nos víamos. nos conhecemos há mais de duas décadas, mas nos vemos pouco. e então ela veio do rio, onde mora, para passar uns dias em são paulo. mas depois de um telefonema, quando ela estava pegando o ônibus para vir da cidade maravilhosa à cidade cinza, e de um e-mail, que eu mandei sabendo que ela ainda estaria aqui em sp, não tínhamos marcado nada.
e hoje, quando voltei do supermercado com as crianças, onde tínhamos comprado um frango para o almoço, meu celular apita e vejo uma mensagem dela. liguei, e ela disse 'estou indo aí te dar um beijo'.
ela não conhecia minha filha, que tem 5, e se lembrou da noite em que ficou na minha casa para cuidar do meu filho, quase oito anos atrás, quando ele tinha 2 meses e eu fui ao casamento de um amigo. de onde tive de sair porque o leite começou a sair, e meus peitos doíam.
sem nenhuma legenda, conversamos como se nos víssemos todos os dias. contei coisas da minha vida, ela contou coisas da dela, e não precisamos de nenhuma legenda para entender o que a outra falava.
e ela, a minha amiga, é a prova de que é pra frente que se anda. aos 41 anos, está mais linda do que nunca. serena, alegre e íntegra.
e, na hora de ir embora - ela estava uma hora atrasada para um almoço que já havia sido combinado -, me disse que eu estava linda, e igual.
enquanto dávamos risada na cozinha, com a porta fechada para não ouvirmos o filme que meus filhos assistiam na sala, ela dizia 'nossa, tu continua a mesma'.
é um presente ter amigos de longa data. desses que a gente não precisa ligar dia sim dia não, e que se a gente esquece do aniversário deles eles não ficam magoados. amigos que não pedem nem cobram nada.
ela não tem filhos, mas falou de crianças com mais entendimento que muita gente cheia de filhos. é uma mulher sábia, que adora a idade que tem. que enxerga as coisas como elas são, sem enfeitar nada.