quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

a vida sem água. ou coraggio, ragazza

uma amiga minha costumava dizer que suspirar não passa, mas alivia. e ela dizia isso deitada na cama do hospital, de onde ela partiu rumo ao céu, nos seus 60 e poucos anos.
e eu tenho seguido à risca o que a janice dizia. passo suspirando o dia todo - acho que a noite toda também, mas aí pelo menos estou dormindo e não escuto.
a água acabou. isso não é uma piada. uma das colunas do adorável prédio em que eu e minha pequena família moramos entupiu e estamos sem água desde domingo. na garagem existe um tanque, e baldes e mais baldes chegam ao meu apartamento graças à santa nalva e ao gentil jailton, este faxineiro do prédio. panelas cheias de água são levadas ao fogão, e tomamos alegres banhos de banheira. a tal da coluna será quebrada, mas enquanto isso não acontece, penso que não devo elaborar planos de fuga para um lugar longínquo, tipo roma, onde eu ficaria num hotel maravilhoso que, claro, teria água abundante saindo de suas torneiras.
quando eu aprendi numa aula de teatro sobre o que era comédia, eu achei muito impressionante. conseguimos rir das situações sinistras, mas só quando elas viram 'passado'. é reconfortante pensar isso. e eu nem suspiro.
atrás de emprego? eu?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

sobre as vantagens do ócio 4

será que isso tá virando uma obsessão? veremo, tra poco.
hoje as férias do meu filho chegaram ao fim. acordamos felizes às 6am, e partimos rumo ao interior às 6:45am. sim, a escola deles fica praticamente no interior. porque eu moro em são paulo e a escola fica no km 17,5 da raposo tavares, uma estrada que leva ao interior do estado.
minhas amigas que já levavam filhos pra escola no interior haviam me dito que em 15 min se chega lá. eu acreditei e fui bem feliz.
mas a vida nunca é tão cor de rosa como queremos que ela seja. sorry, eu digo pra mim mesma, pra me convencer de que a vida é dura mas que isso não é o fim do mundo. aliás, nada é o fim do mundo, pro meu desespero durante as crises de meu-deus-como-é-que-eu-vou-dar-conta-de-tudo? e demoramos 25 min, sem trânsito. chegamos felizes, e eu fui dizendo no carro que achava que teríamos de acordar um pouco mais cedo e sair de casa um pouco mais cedo também.
na volta, surpresa: mais trânsito. mas não há trânsito na volta, era o que eu sabia pelas minhas amigas. mas há.
amanhã as férias da minha filha terminariam. mas não vão, porque a escola estará fechada. luto. uma criança morreu, e a escola só abrirá na quinta.
e agora, enquanto escuto o ronco do caminhão da obra do metrô manobrando e os homens da obra do metrô conversando alegremente, penso em quão vãos podem ser nossos pensamentos. estou chorando enquanto escrevo neste lento blog. não conheço a garota que morreu nem os pais dela, e penso em quantas bobagens acontecem na minha vida e que agora não têm a menor importância. estamos sem água há dois dias, tomando banho com água esquentada em panelas (canos podres de um prédio sem manutenção há quase quatro décadas e mais uma reforma que vai demorar quase um mês). o telefone tava sem funcionar e eu não tenho um emprego.
grande coisa. ou grandes coisas. bullshit. é tudo bullshit. porque o que importa mesmo são as outras coisas. as coisas de dentro da gente, não as de fora.
e agora eu vou é rezar, agradecer por tudo o que eu tenho, ou seja, por deus ter me dado de presente dois filhos lindos e fortespara eu cuidar até eles crescerem, e por eu ter todos os amigos adoráveis que eu tenho, e vou ficar sossegada. pelo menos sossegada.
e rezar para que os anjinhos do céu recebam com alegria a menina que morreu.
nunca pensei que escreveria isso.
deus esteja.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

sobre as vantagens do ócio 3

ueba! meu esforço hercúleo para achar graça na vida com excesso de ócio continua. mas nem tudo está perdido: as férias dos meus filhos estão acabando. uia!
hoje fui ao cinema às 12h50. na sala, estávamos eu, meus filhos e os avós deles. uma experiência única, horário de vadio ir ao cinema, diriam alguns, e nesses alguns eu me incluo. ah ah ah.
no quesito currículo, estou com tempo pra ficar escrevendo e reescrevendo minha vida profissional, o que não deixa de ser um exercício para eu poder enxergasr o que já fiz, o que fiz bem e o que gosto de fazer. uia de novo.
e da série "posso me vestir com o que eu quiser já que não entro em prédios corporativos", hoje fui comprar pão no meio da tarde com a minha filha. mas a guria dormiu no carro e tive de tirá-la da cadeirinha direto pro meu colo. eu não uso espelho retrovisor grudado nos meus óculos, mas ventava e um motoqueiro passou gritando, o que me faz crer que ele viu senão as minhas calcinhas pelo menos a minha bunda. uia de novo.
e lá vou eu tomar um vinho maravilhoso que meus velhos compraram num "supermercado gaúcho" da cidade cinza e que eu não conhecia.
amanhã terei mais problemas reais do que imaginários: mandar meu currículo.
ufa.