domingo, 9 de maio de 2010

encontros de verdade

fazia mais de um ano que não nos víamos. e então ela me ligou por causa de um trabalho, e acabamos marcando um almoço.
no dia combinado, ela me liga e diz que não sabe se poderia almoçar comigo. mas depois me ligou pra dizer que sim, podia.
por conveniência, nos encontramos no lugar mais sem graça que existe no mundo: um shopping. e, horário de almoço, tudo lotado.
mas nada na vida substitui o bom humor. em menos de cinco minutos conseguimos uma mesa no restaurante, que estava muito cheio.
nos sentamos, conversamos e comemos. falamos de tudo, menos de marido - ela é casada - e filhos - nós duas somos mães. demos muito risada. e eu não conhecia esse lado dela. trabalhamos juntas, uns anos atrás, num projeto tenso. mas naquele dia ela era outra pessoa. uma pessoa melhor. me disse que engordou 10 kg, mas eu não acreditei. se é que engordou, os quilos a embelezaram. ela usa menos maquiagem, tem o corpo mais solto e tá visivelmente muito melhor. sabe mais das coisas e dela mesma, e já dá risada dos tempos chatos, que parecem já ter passado. leia trabalho com gente não mui idônea, muita pressão, e a fantasia de que 'deveria ganhar mais'.
depois do nosso almoço ela me escreveu para dizer que eu era muito engraçada. e me disse que tinha gostado muito de ter me encontrado.
e era nisso que eu fiquei pensando quando saí daquele shopping que já nem tava tão cheio, porque ficamos almoçando por quase duas horas. em como é maravilhoso encontrar pessoas e estar com elas de verdade. é isso que faz com que encontros sejam bons.
...
e por falar em encontros de verdade, ganhei de presente de dia das mães um dia bom de verdade. com pessoas doces e felizes, que não reclamam - ah, que diferença isso faz! - e que estão ali com a gente de verdade, inteiras.
passada uma fase sinistra da minha vida, estou voltando a ser uma pessoa doce, que não grita. um sábado e um domingo e nenhum grito saiu da minha boca. sinto um alívio gigantesco, e VEJO que meus filhos estão aliviados também. a bruxa voou pra longe.
e o dia que ganhei de presente - que na verdade foi um fim de semana inteiro - teve vento, frio, chuva, jantar à luz de velas porque não havia luz. teve flores, muitas flores, de cores e formatos lindíssimos, que eu não pude desenhar porque não levei folha nem lápis. teve sapatos embarrados com centímetros de lama, o sol que aparecia e logo ia embora, bergamota (que a minha filha sempre diz não saber o que é) tirada do pé e mais limão, laranja, abacate, alface e rúcula. teve um bacalhau com batatas delicioso, chimarrão no vento frio e prosecco pra comemorar.
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é engraçado como a tristeza fica quase ridícula quando vem a alegria. como dizem os sábios, uma não existe sem a outra.
e como eu digo, a vida é bem melhor quando estamos perto dos amigos. e a gente ganha comida que alimenta a alma. como o bacalhau da dona margarida, que é tão linda que até nome de flor ela tem!