quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

ah, não! um dente quebrado?

estava eu a tomar café quase alegremente hoje de manhã quando tive a sensação de ter mordido uma pedrinha. pensei que poderia ser uma farinha com pedra. zuzu bem. continuei comendo e comecei a sentir uma coisa esquisita num dos dentes da frente. passava o dedo e achava aquilo estranho. fui abrir a boca em frente ao espelho e, surpresa!, um dente estava quebrado. beeeeem quebrado. e bem na frente. maravilha.
olho no relógio. quase 8am. ligo pra dentista, falamos rapidamente, vou tomar meu banho de canequinha e parto de táxi, já que hoje é meu rodízio e a possibilidade de uma multa na av paulista é de uns 550%.
um calor agradável. fui olhando pra fora, vendo a cidade que nunca vejo de dentro do carro. pessoas, prédios, placas, casas. ficava brincando de adivinhar onde estava e não saberia responder na maior parte das vezes. olhava a cidade e me senti uma turista.
na volta pra casa, já com o dente inteiro, fiz o mesmo. vidro aberto, vento morno no rosto, o taxista falando e eu quase não conseguindo escutar, porque eu tinha muito para ver.
mais tarde, levei meus filhos a uma festinha de aniversário, onde havia muitas babás e algumas mães, algumas que trabalham um pouco, outras que não trabalham. me senti meio esquisita, e uma amiga morreu de vergonha quando me perguntou se eu estava de folga e ouviu como resposta "não, fui demitida".
outra amiga disse que a grana que ela ganha dos trabalhos que pega são para ela gastar. não para pagar conta. e outra diz que tinha de ir embora porque se fosse multada mais uma vez - também era o rodízio do carro dela - o marido não ia gostar.
alívio é pouco para o que eu senti. eu não tenho marido. e pela primeira vez na minha vida enxergo as coisas da cor que elas são. nem mais forte, nem mais fraco. mas da cor que têm.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

nooossa, tita, vc é corajosa mesmo!

foi assim que uma amiga começou o email, depois que eu contei onde fica a nova e maravilhosa escola dos meus filhos. mas fiquei pensando sobre como andam as coisas.
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estamos quase adaptados à escola. quase porque hoje de manhã meu filho disse que estava com dor de barriga e, por isso, não poderia ir à escola. no carro, minha filha aderiu ao movimento e disse, determinada, que também não queria ir à escola. ficaria em casa comigo. depois de meia hora, acho, os dois ficaram na escola. mas eu fiquei arrepiada. já passou.
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a água ainda não chegou ao nosso apartamento. então já são quase duas semanas sem água quente, e com água fria nas torneiras do banheiro por duas horas de manhã e duas horas à noite. na cozinha e na área, nenhuma água. a obra começou, e o porteiro me informou há pouco, com pompa, que agora já tinha água. abri as torneiras da cozinha, nada. abri a da pia do banheiro, nem uma gota pingou. a do chuveiro e a da banheira também, sequinhas. enchi a banheira para quando acordar amanhã ter água para encher panelas e tomar um delicioso banho de canequinha.
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longe da vida corporativa, ando vestindo umas roupinhas medonhas. hoje dei risada quando vi meu vestido com gotas de suco de uva na altura da barriga - tinha derramado suco do copo da minha filha quando fui buscá-la no interior - e minhas havaianas pretas e senti meus cabelos voando sobre meus olhos. e também dei risada quando fui ao parque andar com uma amiga dia desses usando meias verde-musgo, birkenstock com florzinhas e um short preto, curtíssimo, de corrida. minha amiga dizia que eu estava linda, parecendo uma alemã. ah, sim, minhas pernas que costumam ser branquinhas estão de um branco de fazer inveja às propagandas de sabão em pó, porque este ano não houve "férias de verão com as crianças na praia".
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acabo de me vestir de gente para ir jantar na casa de uma amiga. seremos três recém-demitidas e duas que permaneceram na sinistra corporação. nem me reconheci quando olhei no espelho e vi uma mulher com um belíssimo vestido vermelho.
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as noites têm sido mais insones do que tranquilas. e quentes, muito quentes. não pela temperatura da cidade cinza, que tem sido alta. mas pela temperatura dos pensamentos. oh my god. acordo várias vezes e estou sempre suada, muito suada, mesmo com o ventilador ligado a noite toda. e sempre esqueço dos sonhos loucos que estou tendo. lembro de uma festa, de um trabalho, e continuo sonhando sem parar, mas sem lembrar de nada além de uma frase, no máximo.
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existe vida além da minha loucura de querer resolver tudo imediatamente. hoje, depois da árdua tarefa de convencer meus filhos de que ficariam na escola - o convencimento é mais físico do que verbal, claro, como tudo com as crianças -, me sentei num banco de madeira e tomei café com "pais da escola". a gente vai tão, mas tão cedo deixar os filhos, que dá tempo de sentar e tomar um cafezinho delícia e jogar conversa fora antes de partir de volta para a capital.
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eu sempre achei que quem usava a expressão "um mar de carros" era um sujeito privado de criatividade. aliás, acho que nunca entendi a expressão. ou talvez já tenha entendido mas, para sobreviver na cidade cinza, tenha me esquecido. pois, agora eu vejo mares de carros. na ida pro interior, vejo alguns quilômetros de filas de carros praticamente parados na estrada. eu vou na outra direção, rumo ao interior, então kein Problem, como dizem os alemães. mas quando saio lá do mato rumo à capital, socorro, a fila de carros - as filas, quando há mais de uma pista - é gigante. interminável. uma horinha pra chegar na minha casa. mas hoje diluí o tempo. parei na praça onde eu andava e andei sob o sol escaldante das 9am. as impressões são de uma sedentária, claro. aí cheguei em casa sem nem contar quanto tempo levei na estrada, quanto tempo andei na praça olhando árvores e mais árvores e quanto tempo demorei para finalmente chegar à minha doce e distante casa.
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hora de ir para o jantar. deus esteja.