quinta-feira, 22 de julho de 2010

minhas máquinas de lavar

só me dei conta disso ontem à noite: acabo de comprar a minha primeira máquina de lavar. minha, só minha, comprada com o meu dinheiro. e de ninguém mais.
aí fiquei pensando em como eu tinha chegado perto dos 40 anos sem nunca ter tido uma máquina de lavar roupa só minha. e um filme passou pela minha cabeça. não tenho certeza se vou me lembrar de todas as partes, mas vamos lá.
a primeira máquina foi comprada pelo meu então namorado quando eu saí de casa e fui morar num apartamento com ele e um amigo dele. era uma enxuta, e devia ter capacidade para 5kg.
depois fomos morar noutro apartamento, agora sem o amigo dele, e acho que essa mesma máquina nos acompanhou. lembro que teve uma época em que ela saía "pulando" pela área de serviço durante a centrifugação. isso fazia com que uma pessoa tivesse de estar por perto nessa hora, para evitar danos graves à máquina e às paredes.
quando viemos morar em são paulo, eu não consigo lembrar de máquina de lavar no apartamento. logo depois me separei e fui morar sozinha, e então tive uma enxuta pequena de novo, dessas que dançam na área de serviço. terá sido essa a minha primeira máquina e eu não lembrava? não sei.
essa máquina, cuja procedência não me vem à cabeça, me acompanhou na casa que aluguei quase no meio do mato em cotia, e depois no apartamento no 15º andar de um prédio em pinheiros, onde eu tinha resolvido que ficaria solteira. mas meses depois me casei, e acho que quando me mudei com o alessandro devo ter levado a mesma máquina. e foi com grande alegria que nesse novo apartamento compramos uma máquina nova, agora grande, brastemp. estávamos mui entusiasmados. depois fomos pra uma casa e a máquina foi junto. e quando nos separamos, a tal da máquina ficou com ele.
vim morar no apartamento onde moro desde então, e ele, o apartamento, já tinha uma máquina. grande, brastemp. que eu achava ótima. até quebrar pela primeira vez. depois ela quebrou outras vezes.
e no sábado, enquanto eu tomava um vinho bem feliz, escutei um barulho de água que não era o barulho de água que a máquina costumava fazer. fui até a área e o que eu havia pensado estava de fato acontecendo: a água jorrava para FORA da máquina. pacientemente peguei o rodo e dei um jeito na pequena lagoa. centrifuguei a roupa cheia de sabão e pensei: está na hora de comprar uma máquina nova.
mas não foi um impulso. peguei as notas dos consertos dessa máquina que já devia estar velhinha, fiz uma pesquisa de preços in loco e na internet, e ainda liguei para o sujeito mais mão de vaca que conheço, que é o meu pai. tudo me levava a uma nova máquina.
compra feita no domingo. a máquina chegaria em 48 horas. doei a velhinha pra santa nalva, comprei uma tomada nova, e esperei. segunda, e nada. terça, e nada. só um e-mail dizendo que 'a transportadora pode ter tido problemas'. sim, a transportadora tinha tido problemas.
ah, e na segunda pedi à nalva que tirasse a máquina velha para deixar espaço para a nova. então descubro, depois de um telefonema que recebi à tarde da própria nalva, que a área de serviço do apê não tem um registro para a lavadora. isso significa que para tirar a máquina velha foi preciso fechar o registro de água da cozinha, o que também afeta a água quente do meu banheiro. mas quem tem medo de banho de canequinha?
o primeiro banho foi na banheira, onde joguei panelas com água quente (a água fria da banheira não havia sido fechada). no outro dia, fui tomar banho no microbanheiro anexo à área de serviço. do chuveiro elétrico saía água, mas não só dos furinhos. a água ia jorrando de vários lugares diferentes.
ontem, três dias depois, a máquina chegou. hoje de manhã ela foi inaugurada e lavou os edredons das crianças. e enquanto minha filha comia um pãozinho com geleia no meu colo e eu fazia carinho na barriguinha dela, perguntei se ela estava feliz de ter voltado para casa depois de uma semana na casa do pai. e ela disse: "gostei de voltar pra casa e gostei da máquina nova. ela é muito bonita'.
uau! todos ficamos felizes. ainda bem que às vezes é fácil assim ficar feliz.

domingo, 18 de julho de 2010

sobre a vida sem celular

ela foi direta: 12 dias.
eu havia comprado um aparelho de celular fazia menos de um mês. o que eu tinha caiu no chão pela milésima vez e não resistiu: partiu-se em dois. eu tentei juntar as duas peças, pensando "vai dar certo, vai dar certo, só mais um pouquinho". mas não deu.
e lá fui eu pra loja da operadora comprar uma engenhoca nova. pedi o aparelho mais simples que exisitisse. expliquei que só uso celular para fazer e receber chamadas, para mandar mensagens e para me acordar de manhã.
a solícita atendente me mostra dois aparelhinhos, um por 29 reais, outro por 69, que tinham desconto devido aos "meus pontos". ia comprar o de 29, mas meu filho disse "compra esse, mãe, vai, compra", que era um motorola (ponto negativo) quadrado (bonito) e com teclado fácil de digitar mensagens (incrível).
mas eis que meu brinquedo novo veio fraco. a bateria do maledeto dura quatro dias. liguei para o fabricante, que me disse que pra quem usa o telefone "só como telefone" sim, a bateria teria de durar mais do que meros quatro dias.
depois de uma semana atrás de assistências técnicas que fossem perto da minha casa ou do meu trabalho, levo o aparelho ao endereço indicado pelo serviço telefônico da motorola, mas a assistência não exisitia mais ali.
sábado sigo feliz da vida pra outro enredeço. e ali que a moçoila me informa que "como o celular está na garantia, ele será enviado pra fábrica e o conserto demora 12 dias". ah, bom. já que ele tá na garantia, o serviço demora mais. sensacional.
mas eu não falei nada. eu fiquei muda, olhando pra ela com meus olhos bem abertos, pensando uau, vamos experimentar uma vida emocionante, sem um relógio/telefone para me acompanhar.
me sinto praticamente uma monja. depois de ter jogado no lixo um maço de marlboros e estar vivendo sem inalar fumaças nojentas, vou dormir e acordo SEM um telefoninho ao meu lado. ainda não sei como vou acordar amanhã, já que meu despertador tá na fábrica da motorola.
o lado bom disso tudo é experimentar viver com menos COISAS na minha vida. as pessoas que quiserem falar comigo podem ligar para a minha casa, podem me mandar um e-mail, podem me mandar um telegrama ou vir me visitar. simples assim.
avisei meus filhos e meus pais que por uns dias eles só poderão falar comigo ligando para a minha casa ou para o meu trabalho.
mas a verdade é quando saio de casa e olho pra dentro da minha bolsa, acho ela muito vazia. não há mais cigarros nem isqueiro nem o telefone. a bolsa tá leve, leve. e isso dá um alívio e um medo ao mesmo tempo.