domingo, 18 de julho de 2010

sobre a vida sem celular

ela foi direta: 12 dias.
eu havia comprado um aparelho de celular fazia menos de um mês. o que eu tinha caiu no chão pela milésima vez e não resistiu: partiu-se em dois. eu tentei juntar as duas peças, pensando "vai dar certo, vai dar certo, só mais um pouquinho". mas não deu.
e lá fui eu pra loja da operadora comprar uma engenhoca nova. pedi o aparelho mais simples que exisitisse. expliquei que só uso celular para fazer e receber chamadas, para mandar mensagens e para me acordar de manhã.
a solícita atendente me mostra dois aparelhinhos, um por 29 reais, outro por 69, que tinham desconto devido aos "meus pontos". ia comprar o de 29, mas meu filho disse "compra esse, mãe, vai, compra", que era um motorola (ponto negativo) quadrado (bonito) e com teclado fácil de digitar mensagens (incrível).
mas eis que meu brinquedo novo veio fraco. a bateria do maledeto dura quatro dias. liguei para o fabricante, que me disse que pra quem usa o telefone "só como telefone" sim, a bateria teria de durar mais do que meros quatro dias.
depois de uma semana atrás de assistências técnicas que fossem perto da minha casa ou do meu trabalho, levo o aparelho ao endereço indicado pelo serviço telefônico da motorola, mas a assistência não exisitia mais ali.
sábado sigo feliz da vida pra outro enredeço. e ali que a moçoila me informa que "como o celular está na garantia, ele será enviado pra fábrica e o conserto demora 12 dias". ah, bom. já que ele tá na garantia, o serviço demora mais. sensacional.
mas eu não falei nada. eu fiquei muda, olhando pra ela com meus olhos bem abertos, pensando uau, vamos experimentar uma vida emocionante, sem um relógio/telefone para me acompanhar.
me sinto praticamente uma monja. depois de ter jogado no lixo um maço de marlboros e estar vivendo sem inalar fumaças nojentas, vou dormir e acordo SEM um telefoninho ao meu lado. ainda não sei como vou acordar amanhã, já que meu despertador tá na fábrica da motorola.
o lado bom disso tudo é experimentar viver com menos COISAS na minha vida. as pessoas que quiserem falar comigo podem ligar para a minha casa, podem me mandar um e-mail, podem me mandar um telegrama ou vir me visitar. simples assim.
avisei meus filhos e meus pais que por uns dias eles só poderão falar comigo ligando para a minha casa ou para o meu trabalho.
mas a verdade é quando saio de casa e olho pra dentro da minha bolsa, acho ela muito vazia. não há mais cigarros nem isqueiro nem o telefone. a bolsa tá leve, leve. e isso dá um alívio e um medo ao mesmo tempo.

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