quinta-feira, 25 de setembro de 2008

as leis, o rodízio, o medo e a fuga

cheguei. depois de ficar com um pouco de culpa e ter dor de barriga ao ver um marronzinho na esquina, plantado feito uma samambaia, aplicando multas à grande.
hoje é meu rodízio. o que significa que é o meu dia de prática de exercícios compulsória. a família acorda cedo, toma café e se apronta sem demoras, e sai de casa às 7h15. andamos por mais ou menos 45 minutos. uma senhora de 37, esta que escreve, um garoto de 6 anos e uma menina de 3.
depois de deixá-los na escola, volto feliz da vida pra casa, andando. faço um pit stop na feira para comprar peixe. e depois tenho momentos de puro deleite: sou obrigada a esperar até as 10am pra sair de casa rumo ao trabalho. tenho de tomar banho e ler o jornal beeeeeem devagar. um luxo, uma delícia.
mas eis que hoje eu tinha de chegar antes das 10h à corporação, e fiquei quebrando a cabeça: levo as crianças de táxi? e depois vou andando pro trabalho? aciono o pai delas para ir buscá-las e não vou almoçar em casa? contrato um motorista e brinco de moça rica?
resolvi furar o rodízio. cousa rara, depois de três multas, uma delas anulada depois de eu recorrer e explicar numa carta que "moro sozinha com duas crianças em idade escolar, só tenho um carro e quando pego o carro no horário de restrição é por absoluta necessidade, e só para fazer o trecho casa-escola-casa". alguém se comoveu com minha carta, com a cópia do mapa que mandei marcando o trajeto, e anulou a infração. mas da segunda vez que mandei a carta, nada aconteceu. eu paguei a multa.
meu filho, animadíssimo, dizia que ia gritar quando enxergasse um marronzinho, pra que ele me multasse. suuuper emocionante, não? pra ele, que tem 6 anos. mas pra mim, um saco. saímos de casa por um caminho ninja. mas os marronzinhos estão infiltrados. no segundo quarteirão depois de sair da garagem, TRÊS marronzinhos conversam alegremente na calçada. tento ficar invisível e, por um milagre, NENHUM deles levanta a cabeça, nenhum olha pra mim, nenhum vê minha placa com final 8. ufa! ando mais três ou quatro quarteirões, dobro numa esquina e quem avisto na outra ponta, digo, outra esquina? bingo!, um marronzinho.
minha barriga ficou dura, e eu resolvi dar marcha à ré. algo tipo "já que estou fazendo uma patacoada, vou fazer bem feito". com paciência, esperei os carros entrarem na rua onde eu estava, de mão única, dei ré e voltei à rua onde estava. deixei as crianças na escola sem ver mais ninguém da CET. e dirigi até a corporação.
aparentamente não fui multada. mas fiquei com dor de barriga.
ou eu compro uma lambreta, ou ensino um cara de 6 anos e uma menina de 3 a andar de bicicleta pelas calçadas paulistanas, ou deixo de ser louca e furo o rodízio sem ficar passada.
acho que fico com a última.

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