sexta-feira, 20 de março de 2009

a mãe louca, as unhas cor de rosa e a descarga

mãe louca é pleonasmo, acho.
mas vamos lá. tenho a sensação de estar abandonando este blog. mas acho que é alarme falso.
ontem fiz uma faxina no meu computador. não era uma faxina para limpá-lo. foi uma faxina para ver tudo o que eu tinha escrito. e fiquei passada ao ver textos que escrevi quando a minha filha, que faz 4 anos daqui a uns dias, nem tinha nascido.
um novo projeto, de um livro, faz meus escritos irem parar noutro lugar que não este blog. daí minha sensação de que este blog está chegando ao fim.
mas não acho justo parar de escrever no lugar que me fez lembrar que escrever é importante, importantíssimo para mim.
...
patrícia está sem trabalho. o que é o mesmo que dizer que patrícia está dura. sem grana. estranhamente, patrícia está feliz. quando pensa nisso, ela acha que pode estar esquizofrênica, louca, fora de si. mas é o contrário. ela nunca esteve tão dentro de si. nunca viu a vida como vê agora, sem distorções, sem histeria, sem merda.
patrícia acha que as coisas andam para o bem. na verdade ela sempre achou isso, mas por vezes a cabeça esquece de mandar as mensagens pro coração. então a gente sabe, mas não sente.
agora é diferente. o coração e a cabeça de patrícia fizeram as pazes, e andam na mais bela harmonia.
sinto cheiro de mudança. sinto cheiro de coisas novas. sinto cheiro de encontros.
isso é novo para mim. nunca havia sentido isso antes.
...
a descarga disparou. a doce nalva me chamou. calmamente peguei uma chave de fenda na caixa de ferramentas e fui fechar o registro da descarga. mas o registro - acho que o nome não é esse - não fechava. peço ao porteiro para chamar o encanador que dá expediente neste jurássico prédio onde moro. ele chega, não consegue fechar a trolha. fecha a água da coluna, volta, e diz que não posso usar a descarga.
as crianças levam bolo de chocolate quentinho pro porteiro, pro faxineiro, pro encanador. eu desço até a portaria e digo, às gargalhadas, que nós damos trabalho mas somos gentis. eles comem o bolo felizes da vida. e dizem que o bolo tá muito bom. sim, a nalva é uma excelente boleira.
...
as crianças dormem. e eu penso na vida. deus esteja. ah, as unhas cor de rosa. olho pra elas e dou risada. a vida não está preto-e-branco. a vida está colorida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Deu pra sentir essa "leveza" daqui, Tita. Vale mais ainda quando o externo está no maior tumulto, pode apostar. Bjos, Ju