domingo, 16 de maio de 2010

sobre solteiros (as) e homens e as samambaias

'as únicas pessoas que querem casar são os homens e as pessoas solteiras', ela disse. eu estava num dia surto, e não parava de dizer que estou encalhada. troço chato, mas que acontece. e ela veio com essa.
ela é casada, e muito bem casada. mas nunca dá pra saber das vidas alheias. às vezes nem sabemos das nossas próprias vidas, então como saber das dos outros?
mas o comentário, and i am so sorry, foi bizarro.
casamento é bom quando é bom, e ponto.
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eu e o joão tínhamos frases maravilhosas sobre casamento quando nos casamos. a que eu mais gostava, que ele dizia, era que ele não queria estar casado com alguém com quem não tivesse o que conversar. e ele sempre citava o exemplo, tão bobo e lugar-comum, da cena do casal num restaurante, em que um olha pro outro com cara de samambaia. a samambaia é ideia minha, porque faz muitos anos que ouvi as frases dele e agora não lembro a palavra que ele usava.
mas eu acho que eu soube que meus dois casamentos tinham chegado ao fim quando me senti uma samambaia na frente do homem que eu amava. plantas não falam. e quando não dá mais pra falar, é porque o casamento terminou.
a outra do joão, que é maravilhosa, é chamar o marido de pai. ele dizia que isso era o fim. não tivemos filhos para colocar à prova a nossa teoria. mas acho que provei quando casei com o alessandro, o pai dos meus filhos. nunca, jamais, o chamei de pai. ufa!
a ideia de casar com alguém que eu um dia chamaria de pai sempre me assustou. é o horror dos horrores. pai é o pai da gente, ou o homem que criou a gente - muitas crianças chamam o padrasto de pai, quando ele vira o pai 'de verdade', mesmo não sendo o 'pai de sangue'. não consigo pensar em ter tesão por alguém que eu chamo de pai. sorry.
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fiquei pensando em como a gente consegue levar coisas insuportáveis durante mais tempo do que seria aceitável. empregos horrorosos, casamentos chatos, amigos que não são amigos, hábitos medonhos. e pensei em como é difícil ter uma vida em que NUNCA somos uma samambaia. aos mais jovens que eu, uma explicação: quando eu era criança, as casas eram enfeitadas com dezenas de samambaias, que eram colocadas nos jardins, nas salas de estar e nas de jantar. em vasos no chão, ou dependuradas em ganchos, nas paredes ou nos tetos. era um must. ah ah ah.
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adoro pensar em como sou uma velhinha. sempre fui. uma vez duas amigas super hiper descoladas me convidaram para ir a um bar. eu devia ter 16 ou 17 anos. foi uma experiência assustadora. elas não iam a um bar para sentar e conversar, mas para circular e ver se havia rapazes intessantes. achei a noite nojenta, e fui pra casa infeliz.
na minha condição de louca que reclama do encalhe - graças a deus isso não é todo dia, só em dias de surto - escuto frases abomináveis. a mais legal de todas é 'você tem que sair'. eu não sei o que as pessoas que dizem isso querem dizer. como eu me nego a ter uma empregada que durma na minha casa, isso pode ser um impulso - algo tipo já que você não tem uma empregada que more na sua casa, você nunca vai conhecer um belo rapaz.
afe!
mas a minha resposta sai rápido da minha boca: eu saio, e muito.
aí fiquei pensando num exemplo equivalente ao raciocínio infeliz: alguém sai de casa para procurar um amigo? não que eu conheça. e o mesmo acontece com conhecer rapazes. pelamordedeus. amores cachos amigos acontecem. não procuramos, mas encontramos.
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puta que merda escrever o que estou escrevendo. mas assim é que é.

3 comentários:

alessandra disse...

hahahahahahahaah!
guria, vamos almoçar. tô com saudade.

Anália disse...

Oi, Tita! Vc estava muito para baixo, só queria te fazer sorrir. Não pode levar tudo tão à sério, o mundo fica muito chato e bizarro. E olha, conheço uma porção de gente que sai sim para conhecer amigos (ou se matriculam nos cursos mais esdrúxulos!). Mundo solitário esse em que vivemos!
Bjs, Anália

Unknown disse...

Tita, adorei o que vc escreveu. Eu tb não saio pra encontrar pessoas - saio porque saio e se encontrar alguém pode ser legal. Sempre que sai com esse propósito, aliás, por ser cobrada que deveria sair e blá, foi um fiasco.Acredito que as coisas acontecem quando tem de acontecer. Beijocas e até segunda
Regina