sábado, 22 de maio de 2010

com amor é mais fácil

eu as vi entrando no restaurante, cada uma empurrando um carrinho de bebê. elas se sentaram na mesa ao lado da que eu estava. a primeira coisa que me veio à cabeça é como é legal ter amigas parceiras. duas amigas almoçando num sábado ensolarado, cada uma com o seu bebê.
depois olhei melhor e achei que os dois carrinhos eram iguais. uma das crianças, um menino, estava acordado, e olhava atento os meus filhos devorarem sorvete de chocolate. aí disse pras minhas vizinhas de mesa que o pequeno devia estar com vontade de comer o sorvete, só de ver os meus filhos tão animados com a sobremesa. logo descubro que OS DOIS filhos eram de uma delas. gêmeos.
na hora que vou embora, a mãe dos bebês vem com o fatídico comentário: 'os seus filhos estão numa idade boa'. eles - os meus filhos - tinham acabado de correr em direção à frente do restaurante, e de onde eu estava eu não conseguia vê-los.
respondi que em todas as idades havia alegrias e tristezas, e que agora eu conseguia ir a restaurantes com eles e era sossegado. a mãe dos gêmeos tentou corrigir a frase patética que tinha saído da boca dela e disse 'ah sim, todas as fases são boas'. mas eu não acreditei que ela acreditava no que estava dizendo.
fomos parar naquele lugar para comer por sugestão - para ser fina, porque foi quase uma exigência - do meu filho. é um lugar onde ele almoça frequentemente com o pai e a família dele.
o dia estava muito divertido. carreguei a lívia e o joão para as tarefas do sábado. fomos ao mercado municipal de pinheiros comprar frutas. depois fizemos mais várias coisas, e eles foram fofos, resistiram bravamente.
mas chega o fim do dia, e começa o chororô. depois de brincarem por duas horas numa oficina para crianças que uma amiga organizou, voltamos pra casa sob protestos. o joão reclamava mais do que um velho de 90 anos mau humorado.
cheguei em casa e fui pra função 'o dia está acabando'. a lição que não havia sido feita ontem tinha de ser feita hoje. mais o banho, o jantar, ó, as unhas compridas que tinham de ser cortadas, os botões do pijama que tinham de ser costurados.
tentei não bufar. uma pessoa mau humorada e bicuda é melhor do que uma pessoa mau humorada, bicuda e que bufa.
fiquei invejando as mulheres ricas que têm serviçais durante sete dias na semana. que têm babás que dão o banho e cozinheiras que prepraram as refeições de toda a família durante o fim de semana. que tomam banho e vão jantar num restaurante enquanto empregados tomam conta dos filhos. que dormem tarde e que conseguem acordar tarde, porque os empregados saíram com as crianças para ir passear na praça.
ai que tédio. a minha inveja durou. já acabou. eu dispenso todos os empregados citados acima. mas às vezes a paciência vai até cingapura e fica por lá passeando, e então tudo fica mais pesado do que realmente é.
mas a verdade é que desde que voltei a fazer parte da população que produz o PIB do país a vida ficou mais doce. e mais macia também.
acho que essa é a melhor lição dos tempos nebulosos de desemprego: a gente fica mais doce quando sai da lama, e redescobre os lados nossos que estavam escondidos no lugar escuro e com cheiro de mofo também conhecido como tristeza ou depressão.
não acho minha vida melhor nem pior porque meus filhos cresceram. não acho que as coisas ficaram mais fáceis nem mais difíceis. elas só mudaram.
talvez a única coisa que tenha mudado é que eu sei que não serei mãe de cinco filhos, conforme planos idílicos do passado. e sei que toda vez que eu fizer as coisas com amor, vai ser mais fácil.
but sometimes life sucks.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ois! ki legalz..vc tá trabalhando onde agora?! Minha mãe perguntou de vc nesta semana..ehehe eae qdo vamos combinar o playcenter ou o chope?ahuahu Bjoks pra v6,
Lu