domingo, 20 de junho de 2010

o dia e a mãe podem ser doces

a lista de coisas que eu TINHA DE FAZER era imensa. o pai dos meus filhos veio buscá-los cedo, lá pelas 8h30, e eu já estava mau humorada. mau sinal.
o tempo horrivelmente seco da cidade cinza me fez desistir de pedalar até o acupunturista. fui de carro.
saí de lá babando. a sova do dr. kong é sempre de uma eficiência inacreditável. fui dirigindo em direção à minha casa pensando no que eu TINHA DE FAZER. mas quando cheguei em casa risquei da lista umas dez coisas. podia fazer as compras da casa no domingo, não precisava tanto assim de calças para o inverno, e podia sobreviver sem incensos por mais uns dias.
primeiro, cortei bandeirinhas de papel de seda e as grudei em 20 metros de barbante. tinha procurado bandeirinhas prontas em duas lojinhas, mas não tinha encontrado. achei que fazê-las seria divertido. não foi divertido: foi o nirvana. e fiquei pensando no tempo. aliás, passei a semana pensando no tempo. não no tempo, mas na falta dele. que é o mantra dos dias de hoje. adoro dizer que não tenho tempo para um milhão de coisas. uma bela desculpa para só fazer o que quero. mas o melhor é ter o tempo necessário para as coisas importantes e entender que o resto é o resto.
à tarde eu tinha de levar minha filha a uma festinha de uma amiguinha da escola que eu nem conheço. fui, e encontrei pessoas verdadeiramente legais. mães de coleguinhas da minha filha com quem raramente encontro e dou oi, e com quem pude conversar e falar das coisas que fazem sentido na minha vida. como trabalho, filhos, viagens e felicidade.
já era noite quando voltamos pra são paulo - brincadeira, mas a festa era lá longe, perto da escola da lívia, onde fica a fronteira entre são paulo e osasco. a uma quadra da casa do pai dela, ela anuncia que quer ficar comigo.
chegamos em casa e fomos dormir. a lívia é uma criança que dorme a noite inteira desde que parou de mamar no peito durante a noite, o que aconteceu quando ela tinha seis meses.
ela dormiu a noite inteira, mas eu me acordei com sonhos e achei esquisito ter só um filho em casa. normalmente isso acontece quando estou com o joão. mas nunca com a lívia. desta vez, o joão tinha ficado na casa do pai feliz da vida. e a lívia, não.
hoje de manhã, depois de tomarmos café da manhã e um banho de banheira juntas, liguei pra empregada que estava com o meu filho na casa do pai dele e disse que estava levando a lívia. e ela diz: mas eu não quero ir pra casa do babbo, quero ficar com você. fomos ao supermercado, onde um dedo do pé dela foi atropelado por um carrinho. voltamos pra casa, almoçamos, jogamos um jogo com letras mesmo depois de eu dizer que ela só vai aprender as letras quando for para o primeiro ano (daqui a dois anos) e fomos pra casa da dinda paula ver o jogo. ela tinha me falado que não gosta de futebol. então levamos, além de chimarrão e cervejas, massinha de modelar e um quebra-cabeças.
é costrangedor chegar a uma casa onde não há crianças COM uma criança. isso que a paula é uma irmã para mim. adultos e o SEU FILHO. mas ela foi fofa, brincou sozinha, comeu toneladas de pão, amendoim, pipoca e sorvete. e fomos embora felizes, ela por ter brincado, eu por ter uma filha que convive com seis adultos e nenhuma criança e não enche o saco.
resgatei meu filho da casa do pai e chegamos em casa, eles reclamando de tudo, eu respirando e não dizendo nada.
fiquei pensando em como é incrível passar um fim de semana inteiro sendo doce, calma e feliz.

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