sábado, 13 de setembro de 2008

os luxos da vida

saí da banheira e obedeci às ordens do joão gabriel, 6: fique no quarto, e espere eu preparar o jantar-surpresa, disse ele.
lá fui eu me deitar, de camisola, com uma luzinha quase insuficiente para eu escrever num caderno que mora ao lado da minha cama. enquanto isso, escutava não só os diálogos dele com a lívia, 3, como tinha de responder a eventuais perguntas como "mãe, o que você vai jantar?".
quando achei que o tempo passado deitada na cama esperando era mais do que suficiente para a produção do jantar-surpresa, dei um grito do meu quarto, para saber se já podia ir.
sim, eu já podia. levei velas, que acendi, e busquei uma ou duas coisas na cozinha, como uma faca com serrinha para cortar o pão preto fresco e uma espátula para passar mostarda no pão.
o jg apagou as luzes, e jantamos à luz de velas. e aí pensei em como dias tediosos como sábados nublados e chuvosos com homens da obra do metrô fazendo um barulho desagradável que entra no nosso apartamento podem se tranformar em noites abençoadas e plenas.
costumo dizer pro meu filho que as coisas boas de verdade não custam dinheiro. e quando eu sinto uma alegria que vem de dentro - e não de fora, que é outra alegria - eu sei que o que eu falo pra ele é a mais pura verdade.
quanto alguém poderia pagar para ficar deitado na cama depois de um banho de banheira enquanto os filhos arrumam almofadas no chão da sala, com toalha de mesa sobre as almofadas e potinhos e pratinhos diversos, para depois sair da cama e jantar com essas crianças? e quanto custaria contar uma história maravilhosa - a pequena polegar - pra um filho, enquanto a filha veste sua boneca, e ao final da história ver o sujeito chorando, porque a andorinha teve de dizer tchau pra pequena polegar, que casou-se com o príncipe das flores e virou a princesa das flores?
eles dormem, e eu vou dormir para sonhar com um príncipe. não acredito que existam príncipes fora das histórias que eu conto pros meus filhos. mas eles existem.

3 comentários:

Anônimo disse...

A semana de férias permitiu acompanhar o André nas 24 horas por vários dias. Só para perceber, mais uma vez, que a felicidade genuína, os instantes de algodão, nao têm preço.

Ah, os príncipes e princesas das estorinhas existem, sim. Há que reconhecê-los na sua "porção" príncipe, porque, é verdade, fora das estórias eles não são tão bem acabados.

A maneira que vc escreve permite, quase, ver, sentir os cheiros, ouvir os movimentos lá na cozinha...

Beijos do João aos 3 queridos.

Deni disse...

Tita,
Deixei um post em sua homengem no Fermata Café.
Bjs

alessandra disse...

hehe. que fofo