quinta-feira, 1 de abril de 2010

mais do bacalhau - ou sobre celebrações

me sentei na poltrona, coloquei meus pés sobre a banqueta que é uma tartaruga entalhada na madeira, e comecei a reclamar.
das conversas sem respostas, da pindaíba financeira, do meu tamanho que é maior do que as calças que tenho no armário, de mim mesma.
é só uma cochilada e lá vêm os monstros acabar com tudo.
mas não há nada como ter um mestre. um ajudante para limpar a minha boca e tirar a areia dos meus olhos.
tem vezes em que fico muito brava. e hoje eu estava brava. louca. um dia doce, com as crianças em casa, uma ida à feira. melancia, pastel, verdes para a salada do almoço de páscoa, pimentões e batatas que faltavam para o bacalhau que vou fazer para a sexta-feira santa. e um mau humor horroroso grudou em mim. a pequena lívia me pergunta o que é mau humor. e eu tento explicar pra ela que mau humor é quando ela reclama de tudo, do início ao fim do dia. não sei se ela entendeu.
minha braveza me fez reclamar da lucidez. ou, para ser mui deselegante, das fases em que chafurdamos na merda. e ele, mui tranquilamente, me diz que a lucidez é um presente. e as merdas também. tive de concordar, e a braveza se foi.
os próximos dias serão de celebrações. ontem saí para comprar os chocolates que o coelhinho vai deixar aqui em casa no domingo. e para não dar bandeira, comprei um ovo minúsculo que o coelho vai deixar para mim, que não como mais chocolate.
no feriado de três dias, vou encontrar amigos queridos. daqueles que gostam de encontros, comidas, bebidas e alegria.
o bacalhau foi só uma desculpa. resolvi comprar um belo pedaço, que está de molho há mais de 24 horas na minha geladeira. e assim inventamos um almoço festivo para a sexta-feira santa - que ironia, justamente no dia em que minha mãe dizia que tínhamos de fazer jejum ela preparava um bacalhau à gomes de sá sensacional!
aí que calhou de a maluca da mona estar no brasil. uma amiga que eu sempre encontrei muito pouco desde que nos conhecemos, nas areias de uma praia lindíssima em santa catarina, o farol de santa marta, acho que 18 anos atrás. nos falamos pouco, nos vemos menos de uma vez por ano, e sempre sabemos uma da outra. ela parece um anjo, que sempre aparece na minha frente quando eu menos espero. assim foi num sábado em que ela me ligou para dizer que estava no brasil. e eu disse a ela para ir à minha casa, para comemorarmos o meu casamento. uma hora depois ela chegou, eu voltando do cartório, casada. e comemoramos. contei essa história pra ela hoje, no telefone, e ela deu risada. acho que não se lembrava.
no sábado vou à casa da mãe dela, com as crianças, para encontrá-la e rever o pequeno noah e o stewart, o marido da mona que eu só vi uma vez.
e para o feriado ser feliz do início ao fim, domingo vamos comemorar a páscoa com a famíla da flávia. na casa dela, com uma decoração festiva deslumbrante. casquinhas de ovos com coelhinhos cortados em papel colorido colados, amarradas com tirinhas de tecido em galhos secos. e com direito a um pernil daqueles de comer de joelhos.
acho engraçada aquela frase tão lugar-comum, quando as pessoas dizem que amigos se contam nos dedos das mãos. muitas vezes, dizem, nos dedos de UMA mão.
eu conto meus amigos nos dedos das duas mãos. e sobram amigos. desses que ligam pra contar como foi o dia, que nos chamam para comer na casa deles, que cuidam dos meus filhos melhor do que eu e pra quem eu posso dizer o que penso e o que sinto sem medo de chorar.
fico pensando no porquê de escrever tantas coisas aqui. só pensando, porque não há nada mais pra escrever sobre isso.
salve salve!
que a páscoa seja doce. por dentro e por fora.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi! hoje eu estava no mercado municipal e resolvi fazer como você e comprar o meu primeiro bacalhau..ehehe mas como eu sei que se eu comprasse em postas jamais ficaria igual a bacalhoada da minha mãe, peguei desfiado pra fazer um escondidinho duma receita que vi num vídeo na net..ahuahua :P
Feliz Páscoa pra v6 e quando as crianças puderem ir ao Hopi Hari ou playcenter lembra que eu tô livre nos fds agora...:)
Bjoks,
Lu
Obs: Gostei da sua ligação por engano hj..espero q a próxima seja proposital..;)

Unknown disse...

Tita, querida, que lindo a gente se ver de novo!!! Obrigado por se lembrar de mim no seu texto, é verdade que a assiduidade nao é o que marca a nossa relaçao... mas a qualidade!!! Putz, 18 anos... claro que eu lembro do episodio do seu casamento, e de tantos outros ainda mais inusitados, hehehe... dava pra escrever uma bela história... até amanhã!!!!! muchos besos para ti, JG e Livia, que saudades!!!!