sábado, 18 de julho de 2009

sobre princesas e suas aias, ou brincando de casinha

hoje faz duas semanas e meia que minha casa não vê um pano úmido. bolinhas de pó começaram a dançar debaixo da minha cama. e sobre os armários eu ENXERGO uma leve camada de pó - nem preciso passar o dedo, coisa que eu odeio fazer, mas faço. faz parte do meu TOC (transtorno obsessivo compulsivo). no meu caso, tem a ver com limpeza + organização.
a doce nalva tirou férias. e meus filhos ganharam férias da escola. eu ganhei um trabalho, graças a deus. de forma que a minha pequena famíla está em são paulo, mas a nalva, não!!!
so what?
nos acostumamos a um cotidiano maravilhoso, com mulheres nem sempre bem remuneradas que limpam nossas casas, arrumam nossas camas, lavam e passam nossas roupas, cuidam dos nossos filhos e, melhor de tudo, fazem comidas delicosas pra que toda vez que a gente abrir a geladeira encontrar sopinhas saladinhas e quetais.
lindo. tão lindo que quando cheguei em casa depois das pequenas férias de inverno da família comecei a sentir um frio na barriga PORQUE A NALVA ESTAVA DE FÉRIAS! ela me disse que "se eu precisasse" era só ligar, já que ela ainda estava na cidade cinza (isso faz uma semana. e hoje ela partiu pras férias na bahia).
achei bom não ligar pra ela, e não liguei. depois fiquei pensando em como eu era idiota, afinal era só pagar uma grana extra e a doce nalva faria maravilhosas sopas, arrumaria minha cama e lavaria minha roupa. ah, e cuidaria dos meus filhos, que têm passado os dias na casa do pai. mas achei bom ficar sem empregada. isso faz uma semana. e ainda faltam duas semanas pra nalva voltar.
então cozinho (pouquíssimo), lavo e arrumo tudo. passar eu não passo. me nego a passar roupa, é uma deficiência da minha personalidade que eu levo com bom humor e usando roupas muito amassadas. mas fiquei muito intrigada com a minha escolha de brincar de casinha. durante uma semana, acordei e fiz o café da manhã lavei louça coloquei roupas na máquina dobrei as roupas do varal e falei pras crianças que elas TINHAM de ajudar porque a mamãe estava fazendo tudo sozinha sem a ajuda da nalva.
ainda temos uns dias de vida selvagem e no meio da semana que vem, se tudo rolar a contento, meus filhos viajarão com o pai a madrasta e a meia-irmã e eu ficarei em casa sozinha, o que torna meu brincar de casinha bem mais leve.
hoje é sábado. acordei sem as crianças em casa, que dormiram na casa do pai e voltarão à tarde. numa rápida arrumação, do guarda-roupa do quarto das crianças e estantes de brinquedos e um pequeno armário no banheiro, enchi seis sacolas para doação e quatro para o lixo seco. no próximo fim de semana vou contar mais sacolas quando tirar tudo do meu guarda-roupa e me livrar de montes de outras coisas. e se a energia não acabar, vou atacar na estante dos livros e noutros pequenos armários.
minha amiga dani queria aproveitar meus dias de desempregada para eu ir à casa dela fazer o que faço na minha em dias de TOC latente. há uns dois anos, quando a dani ia sair do pequeno apartamento onde morava pra se mudar pra casa que ela tinha comprado, passei um fim de semana no apartamento dela. não lembro o número exato, mas acho que fizemos dez pilhas enormes de roupas para serem doadas. lixos que ela guardava havia anos dentro do armário.
fico pensando em como delegamos e não temos ideia do que isso significa. minhas mãos estão horríveis porque as meti em baldes com água e óleo de eucalipto, lavei roupas e depois lavei panos que haviam limpado armários poeirentos.
...
como é bom quando os dias deixam de ser pesados. nas quase duas semanas que passei nos pampas, consegui ver só uma amiga. saímos à noite e bebemos excelente cerveja alemã, ela, o marido, uma amiga dela e eu. não consegui ver mais ninguém, porque minha filha estava horrivelmente gripada e eu fiquei ao lado dela quase 24 horas por dia - algumas vezes, 26 horas por dia, eh eh eh. antes de ir embora, liguei pra uns amigos, pra minha dinda e pros meus aodráveis ex-sogros pra dar tchau e dizer que estava indo embora sem tê-los encontrado.
quando falei com A., minha amiga de longa data, ela reclamou que eu JÄ estava indo embora e nós nem tínhamos nos encontrado. e então ela me contou como andava a vida dela, de pernas pro ar, depois do fim de um relacionamento. pelo que entendi, ela foi mandada embora da casa onde morava, e está sem trabalho. reclamou das durezas da vida, de ficar sem grana, de pedir pros velhos dela pagarem as contas essenciais e tal. foi maravilhosos conversar com ela, ainda que pelo telefone, e saber que tudo tava mudando na vida dela. senti uma alegria de saber que tenho amigas que têm coragem de encarar as merdas da vida com coragem. tem um lado horrível disso. mas como diz meu ex-marido, e isso é tão tosco como verdadeiro, as melhores lições da vida são aquelas que a gente aprende pela via anal. e, de todos os meus amigos, sei que L. é a que tá mais atolada, e a que vai sair disso muito, mas muito melhor.
salve salve.

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